segunda-feira, 4 de julho de 2011

wapi brasil

Release
Festival WAPI BRASIl 2011
“Eu africanizo São Paulo”
http://www.flickr.com/wapibrasil/show

A Soweto Organização Negra promoverá nos dias 12, 13 e 14 de Agosto no CEU-Inácio Monteiro a 1º edição do Festival WAPI BRASIL que é uma plataforma cultural para poetas, designers, MCs, dançarinos, grafiteiros, desenhistas, cartunistas, cantores e artistas envolvidos em qualquer arte visual e verbal, com ênfase na cultura afro-diasporica.
A 1ª edição do Festival Wapi Brasil será lançada oficialmente no dia 02 de Julho na Ong Ação Educativa das 14h00 às 19h00. Nesta atividade Pré-Wapi, haverá a apresentação do evento ,exposição de fotografias da Campanha “Eu africanizo São Paulo”, Pocket-show com Amanda Negrasim, Raphao Alafim e Bukassa e na Pilulas de Cultura Feira Preta Edição de Hip-Hop no dia 17/Julho
com Poket Shows: Banda Aláfia com participação especial de Panikinho (Hip-Hop de Câmara) e Machado Saruê (Saruê Zambi) , D'na Hill e o Mc mais elegante da atualidade, Rincon Sapiência - Exposição: Fotos Campanha Wapi Brasil 2011 “Eu africanizo São Paulo" - Local: Casa das Caldeiras – 17/07 | Horário: 16hs ás 21hs

O Festival WAPI BRASIL objetiva fomentar o intercambio cultural com organizações de hip-hop do Brasil e do Continente Africano. Acredita-se que este intercâmbio cultural e a promoção da plataforma sociocultural possam abarcar e assim, solidificar um conjunto de significados compartilhados e símbolos específicos que expressam sentidos e constrói identidades.

WAPI é a abreviação de “words and pictures", isto é, palavras e imagens. O WAPI é um festival que objetiva fomentar a divulgação de artistas ligados à linguagem visual e verbal.
Neste contexto, o festival busca envolver as juventudes em questões pertinentes a esfera social, politica e cultural. O festival ocorre em terras africanas, tendo surgido no Quênia há seis anos e se espalhado por outros países como Tanzânia, Gana, Nigéria, Senegal, Sudão, Malawi, Nova York-Brooklyn e agora em solo brasileiro, tendo sua 1ª edição na Cidade de São Paulo.

O WAPI BRASIL 2011, cujo tema é “Eu africanizo São Paulo” é a primeira edição do Festival realizado em um país de Língua Portuguesa. Em sua essência, o objetivo primordial do Wapi Brasil é construir intercambio cultural com os coletivos de juventude e as organizações ligadas a Cultura Hip-Hop de países africanos e de Cultura afro-diasporica.


O WAPI BRASIL, assim como o Wapi Africano é um festival que tem como pano de fundo a Cultura Hip-Hop e caracteriza-se por ser temático, ou melhor, todas as edições do festival realizado em África seguem um tema especifico que envolve todas as atividades desenvolvidas.
Em dialogo com as edições do Wapi Africano, pensou-se em construir as atividades da 1ª edição do Festival WAPI BRASIL sob a temática “Eu africanizo São Paulo”. O tema do Festival objetiva dialogar com todas as atividades propostas para o evento, desde a exposição de artigos ligados a estética afro-brasileira e africana à apresentações artísticas.
O Festival WAPI BRASIL em sua perspectiva temática construiu a versão publicitária do Festival que visa dialogar com o tema do evento e suscitar discussões pertinentes à contribuição em todos os âmbitos dos afro-descendentes na Cidade de São Paulo e também dar visibilidade a contribuição efetiva destes homens e mulheres, negros e não-negros, jovens e adultos que africanizam a Cidade por meio da militância politica, estudantil, artística ou simplesmente citadina.

Nessa 1º edição, o Festival WAPI BRASIL estrutura-se na proposição de Seminários, Debate-papos, apresentações artísticas de vários gêneros musicais, oficinas, saraus, exposições e mostra de videos.
A entrada é franca e todas as atividades são gratuitas.

Gildean Silva "Panikinho" e Janaina Machado
Coordenadores do WAPI BRASIL
7459-6102 vivo / 8526-1072 tim / 2203-4770 / 6315-6732 claro

WAPI BRASIL 2011
Soweto Organização Negra
Endereço: Rua Silveira Martins, 131-conj.22 – Se
E-mail: wapibrasil@hotmail.com
E-mail: sowetoorganizacaonegra@hotmail.com
Realização: Soweto Organização Negra

Apoio: Prefeitura da Cidade de São Paulo- Secretaria de Participação e Parceria
Coordenadoria dos Assuntos da População Negra,Governo do Estado de São Paulo, Secretaria Especial de Hip-Hop, CAMPOMARE Produções e Eventos, CEABRA, Ação Educativa, Instituto Cultural Feira Preta, Afroeducação, Divas Hair Style, Ebony Inglish, Comunidade Cultural Quilombaque.

quarta-feira, 2 de março de 2011

Exu pede passagem!!!


Há pouco me caiu nas mãos o livro de Muniz Sodré, O terreiro e a cidade (SODRÉ, MUNIZ, O Terreiro e a Cidade, Petrópolis, Vozes, nº 14, 1987), através de sua leitura por sinal muito agradável, tive o prazer de me reapropriar de conceitos sobre minha própria ancestralidade e redimensionar minha atuação de resistência dentro da cultura brasileira – redimensionamento trabalhado dia a dia em busca de contribuir para uma igualdade simbólica no imaginário nacional. Pensar a importância e a formação da resistência simbólica e cultural dos descendentes de escravos e o valor das manifestações religiosas enquanto forma de assegurar o patrimônio de origem africana e sua manutenção no contexto da diversidade étnica brasileira, requer uma consideração acerca do universo étnico dos candomblés que vai além da presença única de negros – o que demonstra a forte influência que essa cultura teve na formação da identidade nacional.
Parafraseando Muniz Sodré, diria que a busca da tradição cultural reterritolialisada precisa afirmar-se não como forma paralisante, mas como algo capaz de configurar a permanência de um paradigma negro na continuidade histórica. Isso evitaria distorções e aberrações etnocentristas, além de poupar os ouvidos de pessoas que como eu, trabalham no cruzamento de culturas, pois se não aconterão coisas como esta que aconteceu comigo outro dia: - entreguei um projeto da banda Exu do Raul no SESC CONSOLAÇÃO para tentar marcar uma apresentação e o rapaz que recebe os projetos me disse que música desse gênero não tocava no SESC, aí argumentei, mas e a Rita Ribeiro que está comemorando 7 anos do CD/Show Tecnomacumba no SESC ITAQUERA? Ele desconversou e falou volta aqui quando você tiver outro projeto, sem Exu ou outra coisa religiosa.
Esta é apenas uma das histórias, que quase todo dia ouço, em forma de besteiras suscitadas pelo preconceito e pela ignorância. Laroiê Exu, mojubá! Como escreveu a psicóloga social Mara Martins Passos na introdução do seu livro:
“Dedico meu trabalho a todos os excluídos, aos oprimidos, aos injustiçados e tristes. A todos aqueles que sofrem preconceito e a todos os que, por um ou outro motivo, carregam as sombras do mundo e das outras pessoas.
Guardo em meu coração a esperança de que EXU, o primogênito de Olorum, a grande força cósmica do movimento e da vida, possa ajudar a que um dia este mundo, tão cheio de contradições, venha a ser um lugar onde sejamos todos, incluídos.” In, Exu pede passagem, Ed. 3ª Margem, 2002.
Ouça a psicodeliacandomblaica do Exu do Raul:
www.bandasdegaragem.com.br/exudoraul

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Exu do Raul - Cheiro.

Voltei pra Caxanga!!!


Como estou retomando as atividades da Caxanga do Capeta, achei pertinente rever o porquê este blog começou. Sou musicista, e o único fundador da banda Exu do Raul que continua trabalhando no grupo. Com a constante busca em compreender o contexto sociocultural que envolve a interface África/Brasil, fui me aprofundando no estudo das representações simbólicas acerca do conceito de bem e mal que cerca o orixá Exu. Um dos meus objetivos é conhecer um pouco mais a respeito da religiosidade afro-brasileira, fazendo o com que o leitor perceba que a mesma é parte integrante da nossa cultura, além de desfazer equívocos evidenciados sobre a religiosidade, como por exemplo, a confusão entre Exu e o Demônio. O interesse pela cultura afro-brasileira manifesta-se pelos muitos estudos nos campos da sociologia, antropologia, etnologia, música e linguística, entre outros, centrados na expressão e evolução histórica da cultura afro-brasileira.

Para atingir meu objetivo julgo importante contextualizar nossos valores adquiridos desde a antiguidade. Por exemplo, pensemos na noção de Diabo, o grande personificador daquilo que se costuma denominar o mal. Ao contrário do Novo Testamento (NT), no Antigo Testamento (AT) o conceito do mal não existe de forma personificada e autônoma em relação a Deus. Na visão monista – chama-se de monismo (do grego monis, "um") às teorias filosóficas que defendem a unidade da realidade como um todo (em metafísica) ou a identidade entre mente e corpo (em filosofia da mente) por oposição ao dualismo ou ao pluralismo, à afirmação de realidades separadas – característica do AT, a soberania absoluta de Deus não é ofuscada por nada. Deus é o autor de todas as coisas, sejam elas compreendidas como boas ou más pelo ser humano. No campo da filosofia da Grécia Clássica, Platão é o pensador que mais influenciou o cristianismo. Para ele, o mundo das idéias é real, bom, perfeito. Se o mal consiste da falta de perfeição e o mundo fenomenal não reflete ao mundo das idéias de forma adequada, na medida em que isso ocorre, torna-se menos real, menos bom, logo, torna-se mais mal. Alguns autores se referem ao cristianismo como uma posição intermediária entre o monismo do AT e o dualismo persa e grego, classificando-o como semi-dualista. No contexto judaico-cristão vemos que o homem é punido pela sua desobediência à Deus, portanto Deus seria o responsável por uma série de males que acometeriam os “pecadores”.

Como fazer a injunção de um Deus bom e mal ser aceita pelos homens? Basta eliminá-la criando um antagonista tão poderoso e ardiloso, que suscite temor e ódio. Assim surgiu o Demônio, basicamente poderíamos dizer que ele é um recurso retórico de estilo. Vista a evolução da história do escravo negro no Brasil, é fácil admitir que variadas manipulações em face de ignorância, medo do desconhecido, preconceito e manutenção do monopólio de autoridade religiosa, fizeram com que a Igreja Católica e o Status Quo associassem a figura de Exu ao Diabo e consequentemente ao mal.